SARAMAGO OUSOU ENFRENTAR DEUS
Será cremado neste sábado o corpo do escritor José Saramago. Ateu convicto, Saramado morreu nesta sexta por falência multipla nos órgãos. O corpo do escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago está sendo velado na biblioteca de sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, Espanha. Em seus textos se mostrou conta a religião. "No fundo, o problema não é um Deus que não existe, mas a religião que o proclama. Denuncio as religiões, todas as religiões, por nocivas à Humanidade. São palavras duras, mas há que dizê-las."
Em outra oportunidade o autor desclassificou a importância das Sagradas Escrituras."Para mim, a Bíblia é um livro. Importante, sem dúvida, mas um livro."
Saramago morreu nesta sexta-feira, por volta das 8h (horário de Brasília). Em comunicado, a Fundação José Saramago informou que ele não resistiu a "uma múltipla falha orgânica (falência múltipla de órgãos), após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila". Ele era casado com a jornalista espanhola Pilar Del Río, que o descreveu como "homem de convicções firmes, capaz de estar sempre ao lado daqueles que sofrem". "Penso que não merecemos a vida, penso que as religiões foram e continuam a ser instrumentos de domínio e morte."
Em entrevista ao "El País", no ano passado:
"A morte é a inventora de Deus."
"Deus, o diabo, o bom, o ruim, tudo está na nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não percebemos que, tendo inventado Deus, imediatamente nos escravizamos a ele."
"Há quem me nega o direito de falar de Deus, porque não creio. E eu digo que tenho todo o direito do mundo. Quero falar de Deus porque é um problema que afeta toda a humanidade."
Escritor diz que Livro Sagrado é inapropriado para adolescentes
O único prêmio Nobel da literatura em língua portuguesa, José Saramago, 86, iniciou a sabatina na última sexta-feira, 28, no teatro Folha sob aplausos. O evento faz parte das comemorações dos 50 anos do caderno “Ilustrada” da Folha de São Paulo.
Durante a sabatina, ao ser questionado se a doença mudou a sua percepção de Deus, o escritor perguntou "por que mudaria?", acrescentando que foram os médicos e a sua mulher que o salvaram.
"Por que precisamos de Deus? Nós o vimos? A Bíblia demorou 2000 anos para ser escrita e foi redigida por homens", disse o escritor. Para ele, a Bíblia é um "desastre", cheia de "maus conselhos, como incestos, matanças".
Saramago também afirmou que foi o homem quem inventou Deus, o Diabo e o purgatório, que "hoje está desqualificado".
:: ESCRITOR CULPA DEUS DE ASSASSINATO
Ele ainda voltou a criticar a Igreja, afirmando que ela inventou o pecado para controlar o corpo humano. "O sonho da Igreja é transformar todos em eunucos, quer dizer, os homens, porque as mulheres não podem ser eunucas".
Comunista "hormonal" e a linha do cristianismo
José Saramago disse que é um comunista hormonal e comparou a ideologia ao cristianismo.
Saramago disse que a explicação "hormonal" ocorreu quando ele refletia a perguntas sobre como ele ainda é um comunista na atualidade.
O escritor afirmou que a pergunta era comparável a questionar alguém o fato de como era ser cristão depois da Inquisição.
"Eu sou o que se poderia dizer um comunista hormonal", afirmou o escritor, ao dizer que "acredita" ter uma produção de "hormônio do comunismo".
"Ser comunista é um estado de espírito", disse o escritor. Ele também afirmou que isto mostra que Karl Marx está cada vez mais atual. "Sinto, pelo menos na Europa, onde se reeditam seus livros, que as obras de Marx são bastante vendidas", afirmou Saramago.
"O homem não morreu, ao contrário do que foi dito muitas vezes", afirmou Saramago ainda sobre o assunto.
"Há muita gente que há três, quatro anos, podia dizer que estava na classe média. Agora não está mais, está na classe média, na pobre", disse o escritor sobre os efeitos da crise na vida das pessoas
SARAMAGO CULPA DEUS POR CAIM
Para autor, Deus é autor intelectual do crime
Ateu convicto, o escritor português José Saramago volta a atacar a religião em Caim, seu novo romance, que será publicado em outubro e no qual redime o protagonista do assassinato de Abel e aponta Deus “como o autor intelectual do crime, ao desprezar o sacrifício que Caim Lhe havia oferecido”.
Ele falou à Efe por e-mail que o que pretende dizer com Caim é que “Deus não é de se fiar. Que diabo de Deus é esse que, para enaltecer Abel, despreza Caim?”
Quase 20 anos depois de seu discutido livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, que foi vetado pelo governo português para competir pelo Prêmio Europeu de Literatura, o Nobel português faz uma irreverente, irônica e mordaz leitura por diversas passagens da Bíblia, mas não teme que voltem a crucificá-lo.
“Alguns talvez o façam - afirma Saramago - mas o espetáculo será menos interessante. O Deus dos cristãos não é esse Jeová. E mais, os católicos não leem o Antigo Testamento. Se os judeus reagirem não me surpreenderei. Já estou habituado.”
No entanto, acrescentou: “Mas é difícil para mim compreender como o povo judeu fez do Antigo Testamento seu livro sagrado. Isso é uma enxurrada de absurdos que um homem só seria incapaz de inventar. Foram necessárias gerações e gerações para produzir esse texto”.
José Saramago não considera esse romance seu particular e definitivo ajuste de contas com Deus, porque “as contas com Deus não são definitivas, mas sim com os homens que O inventaram”, disse. “Deus, o demônio, o bem, o mal, tudo isso está em nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não nos damos conta de que, tendo inventado Deus, imediatamente nos tornamos Seus escravos”, assinalou o autor.
O escritor nega que o fato de ter chegado perto da morte há um ano, quando foi hospitalizado por conta de uma pneumonia, o tenha feito pensar mais em Deus. “Tenho assumido que Deus não existe, portanto não tive de chamá-Lo em uma situação gravíssima na qual me encontrava. Mas se eu o chamasse, e ele aparecesse, que poderia dizer ou pedir a Ele, que prolongasse minha vida?” Saramago diz ainda que “morreremos quando tivermos que morrer. E diz que quem o salvou foram os médicos, Pilar (sua esposa e tradutora) e o excelente coração que tenho, apesar da idade. O resto é literatura, da pior espécie”, polemizou o velho escritor.
SARAMAGO RETRUCA
Escritor responde crítica dizendo que Deus da bíblia não é confiável
O escritor português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura em 1998, disse nesta quarta, 21, que "o Deus da Bíblia não é de se confiar, é má pessoa e vingativo", ao comentar seu último livro, "Caim", criticado pela Igreja Católica e pela oposição conservadora de seu país.
Saramago, que apresentou no último domingo, 18, sua obra durante uma homenagem a ele na cidade de Penafiel, no norte de Portugal, voltou a falar sobre o livro com jornalistas e reiterou suas críticas à Bíblia, que sempre geram polêmica em Portugal.
"Na Bíblia há incesto, é inegável. Não existiria este livro se o episódio de Caim e Abel não estivesse na Bíblia, onde se mostra a crueldade de Deus. Não se deve ter confiança no Deus da Bíblia", declarou.
"Sou uma pessoa que desperta anticorpos em muitas outras pessoas, mas não me importa, faço meu trabalho", afirmou o escritor luso, que considera que todo o "alvoroço" sobre "Caim" não vem do conteúdo do livro, mas das declarações que fez em Penafiel.
"Católicos não leem nem a Bíblia"
O novo livro de Saramago, de 180 páginas em sua edição portuguesa, aborda de maneira nada religiosa a figura bíblica de Caim e outros personagens e episódios do Antigo Testamento. Desde que foi lançado, segundo o escritor, "incompreensões", "resistências" e "velhos ódios" foram suscitados.
O autor português reconheceu que, enquanto escrevia o livro, tinha a "clara noção de que ia 'agitar as águas'", mas não esperava que "a Igreja se pronunciasse com o livro ainda no forno".
O prêmio Nobel, ácido em suas manifestações, disse que "não esperava reações dos católicos porque eles não leem nem a Bíblia", e se perguntou: "Quem vai ler um livro desse tamanho?". Sobre a temática do livro, Saramago reconheceu que o a figura de Caim o acompanhava "há muito tempo" e acrescentou que a "questão" deste personagem bíblico sempre pareceu "um pouco estranha" para ele.
"Por que Deus aceita o sacrifício de Abel e rejeita o de Caim quando ambos apresentam suas oferendas? Aí se criou a inveja, Caim se sentiu humilhado", segundo Saramago.
O escritor reconheceu que o assunto o interessava, já que, apesar de ser ateu, não pôde escapar dos valores cristãos. Ele disse ainda que "não há um ateu absoluto, só poderia ser (ateu) aquele que vivesse em uma sociedade na qual Deus não tivesse penetrado".
IGREJA RESPONDE ESCRITOR ATEU
Para Igreja ofensas a Deus do autor é jogada de marketing
Caim, livro mais recente do português José Saramago, gerou polêmica ao chegar às livrarias nesta segunda-feira, depois que o episcopado lusitano afirmou que se trata de mera "operação publicitária".O livro, que narra em tom irônico a história bíblica de Caim, filho de Adão e Eva que matou o irmão Abel, foi apresentado no último domingo em Penafiel pelo autor.
"A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana. Sem ela, um livro que teve muita influência em nossa cultura e até em nossa maneira de ser, os seres humanos seriam provavelmente melhores", destacou o escritor.
O romancista denunciou "um Deus cruel, invejoso e insuportável, que existe apenas em nossas mentes", e afirmou que sua obra não causará problemas com a Igreja Católica, "porque os católicos não leem a Bíblia". "Admito que o livro pode irritar os judeus, mas pouco me importa", disse.
O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Marujão, chamou o livro de "operação publicitária". Segundo ele, "um escritor da dimensão de José Saramago deveria tomar um caminho mais sério. Pode fazer críticas, mas entrar em um gênero de ofensas não fica bem a ninguém, e muito menos a um Prêmio Nobel".
O rabino Elieze du Martino, representante da comunidade judaica de Lisboa, afirmou que "o mundou judeu não vai se escandalizar com os escritos de Saramago nem de ninguém". Ele afirmou que Saramago "desconhece a Bíblia".
O romancista português provocou revolta em 1992 com Evangelho Segundo Jesus Cristo, no qual mostra um Jesus que perdeu sua virgindade com Maria Madalena e que era utilizado por Deus para ampliar seu poder no mundo. Pouco depois, o escritor se mudou de Portugal para um arquipélago espanhol das Canárias.
Fonte :Site Creio
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