O LEGADO DE CALVINO PARA A IGREJA HOJE!

terça-feira, 20 de outubro de 2009




No ano em que comemoramos os 500 anos do nascimento de João Calvino, representantes da igreja reformada reuniram-se em Genebra no ano de 2007, para realizar um consulta preparatória para celebrar de modo condigno o Jubileu do grande reformador que ainda hoje é ouvido e nos fala!
 Para as Igrejas Reformadas, Calvino é uma fonte permanente de inspiração e, por conseguinte, elas olham para a celebração que se aproxima com um sentimento de profunda gratidão, bem como uma oportunidade para o compromisso e a renovação. Elas gostariam de partilhar o verdadeiro legado de Calvino com os cristãos de outras tradições e com a sociedade. Ao mesmo tempo, elas estão conscientes de que a imagem de Calvino é polêmica e, hoje, frequentemente apresentada em uma perspectiva negativa. Mais do que qualquer outro reformador do século XVI, ele tem se tornado vítima de clichês. Calvino não era um santo. Qualquer tentativa de esboçar um retrato idealizado dele está destinada ao fracasso. Mesmo levando em conta suas convicções, ele falhou em momentos decisivos.
Ao refletir sobre a relevância de sua herança, compreendemos que certos aspectos de seus escritos não são mais pertinentes e não podem ser sustentados. Mas, em nosso ponto de vista, Calvino permanece como uma testemunha notável da mensagem cristã e merece ser ouvido cuidadosamente nos dias de hoje.

Áreas de interesse


Aqui apresentamos uma seleção de áreas que, em nosso entender, são de particular interesse hoje e podem favorecer um novo acesso ao legado de Calvino:

Determinação de Calvino em colocar Jesus Cristo diante de todo o nosso pensar e viver

Ao honrar o nome de Cristo, que se tornou carne da nossa carne, a glória e a graça de Deus são testificadas em nosso meio. “Se nos separamos ainda que seja uma única polegada de Cristo, a salvação desvanece... onde o nome de Cristo não é ouvido, tudo envelhece e seca” (Institutas, II.16.1). A igreja depende inteiramente da presença de Jesus Cristo vivo através do poder do Espírito de Deus. Assim ela se torna a comunhão dos “que amam a Cristo”. Ela não pode confiar na tradição ou na força das estruturas existentes. A crítica de Calvino à igreja de sua época se baseava nesta firme convicção.

A ênfase de Calvino na obra do Espírito Santo na criação e salvação

A ação de Deus é universal e totalmente compassiva. Para Calvino, ela expressa o governo divino sobre todas as criaturas, humanas e não humanas. Nada está além da sabedoria e do cuidado paternal de Deus. O Espírito é a força que dá vida e sustenta todas as coisas em seu ser. Este mesmo Espírito nos une com Cristo, inspirando-nos na compreensão da Palavra de Deus, iluminando e santificando-nos em fé e reunindo-nos na comunhão da igreja. Como membros de seu corpo, vivemos na esperança da renovação de nossas vidas e de todo o mundo.

O compromisso de Calvino com a Escritura

Para Calvino, a Bíblia está no centro da vida da igreja, para ser sempre lida e estudada por cada pessoa que faz parte do povo de Deus. Ela deve ser ensinada na igreja, que é por ele descrita como a “mãe” e “escola” para nossa fé. “Nossa fraqueza não permite sermos despedidos de sua escola até que tenhamos sido alunos por toda a vida” (Institutas, IV.1.4). A necessidade de lutar pelo sentido do texto, com a ajuda do conhecimento histórico e científico de sua época, e o poder da Palavra de Deus para falar novamente a cada geração permanecem de forma exemplar.

A determinação de Calvino para que a vontade de Deus influenciasse todas as áreas da vida

A preocupação de Calvino era para que a glória de Deus fosse celebrada e testemunhada em todos os níveis de vida, que toda a criação cantasse louvores a Deus de modo real e vibrante, e que a beleza da vontade de Deus se manifestasse em nossos padrões de vida, fossem nobres ou humildes.

A insistência de Calvino quanto aos dons da criação de Deus

A vontade de Deus para o esplendor da criação é a medida constante para o compromisso da sociedade humana e da humanidade com o mundo criado em todo o seu mistério e profundidade. Constituem traços centrais desta visão a afirmação fundamental da igualdade humana e a celebração das diferenças individuais entre as pessoas. No centro de sua visão está um compromisso de amor compassivo, justiça, cuidado responsável e hospitalidade para com as “viúvas, órfãos e estrangeiros”: os que são indefesos, refugiados, os que estão famintos, sós, sem voz, os traídos, impotentes, doentes, enfraquecidos no corpo e no espírito, e todos os que sofrem em nosso mundo globalizado e polarizado. “Onde Deus é conhecido, a humanidade também é cuidada” (Ieremiam, cap. 22.16).

O compromisso de Calvino com a unidade da igreja

O compromisso consistente e apaixonado de Calvino para com a unidade do corpo de Cristo foi vivido dentro da realidade de uma igreja já fragmentada. Em meio à divisão, ele reconheceu o único Senhor da igreja una, enfatizando repetidamente que o corpo de Cristo é único, que não há justificativa para uma igreja dividida e que os cismas dentro dela são um escândalo. Nossa atual situação também é de igrejas separadas e ameaçadas por divisões em seu interior. Em particular, as Igrejas Reformadas continuam a se caracterizar tanto por divisões internas como por um compromisso ecumênico. Calvino desafia as igrejas a compreenderem as causas desta separação contínua e, de acordo com a Escritura, lutar pela unidade visível, comprometendo-se com esforços ecumênicos concretos – tudo pela causa da credibilidade do evangelho no mundo e da fidelidade à vida e missão da igreja.

Fonte: Tradução do Rev. Eduardo Galasso Faria, professor do Seminário Teológico de São Paulo

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