O MELHOR DO MAU HUMOR ,NA BÍBLIA

segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Você precisa ler Eclesiastes. Esqueça a lista dos livros mais vendidos. Livro não tem data de validade, como querem nos fazer crer os gigolôs do mercado editorial. A Bíblia tem 66 livros, uma tonelada de nomes estranhos, algumas histórias plausíveis e outras nem tanto. Ainda assim, em 2010 leia um deles -- Eclesiastes -- e, se você ficar confuso, dê graças a Deus.


O melhor da “confusão” é que estamos bem acompanhados. Acompanhados pelo “pregador”, “O que sabe,” e, se precisarmos de ajuda, Ed René Kivitz é um guia confiável nessa aventura. Em “O Livro mais Mal-humorado da Bíblia” (Mundo Cristão, 2009), Ed René faz algumas perguntas arriscadas e quase todas sem respostas. Uma tentação -- para quem acostumado aos livros que respondem a todas as nossas perguntas sobre dinheiro, futuro, hábitos e outros segredos -- seria dar de ombros para as considerações do Eclesiastes. Talvez, a razão maior para o texto bíblico estar quase ausente dos púlpitos. Afinal, lembra o autor, “a vida sem reflexão não faz sentido. Mas a vida com reflexão é o quê? O Eclesiastes diz que é canseira, enfado e correr atrás do vento. Então que diferença faz?” Para os mais delicados, o autor também afaga: “Creio em Cristo porque, quando o vejo, vejo também todo o restante da realidade. [...] Posso conversar, perguntar, questionar, ficar em dúvida, mas continuo afirmando que o evangelho de Cristo faz sentido, muito sentido”.

É divertido, para dizer o mínimo, acompanhar o mau humor do Eclesiastes. E, ao contrário do que pode sugerir a capa, em “O Livro mais Mal-humorado da Bíblia”, não encontramos uma limonada, uma abordagem adocicada para o azedume do “pregador”. O livro percorre as mesmas trilhas do Eclesiastes e, de modo brilhante, vence a tentação de responder ao que o Pregador não responde. Melhor, acolhe as nossas dúvidas e dá tratos à nossa ansiedade. Ensina que dizer “graças a Deus” pode ser a única diferença de fato entre o CEO e o entregador de pizza. Ou que a felicidade não está na esperada lista dos aprovados no vestibular, na formatura, no casamento, no emprego novo. “A felicidade não é no depois: é no durante, é no enquanto”. Como diria o pregador, “Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. E vi que isso também vem da mão de Deus” (Ec 2.24).

Bem, e o que fazer para vencer a injustiça, a fatalidade, o tempo, a morte? Você precisa ler Eclesiastes. Quem sabe depois disso você não vai mais se contentar com respostas e conselhos “cristãos” do tipo “Deus fecha uma janela, mas abre uma porta”, “Deus escreve certo por linhas tortas”, entre outras bobagens. Ed René também não se rende. Para ele, “o desespero existencial de uma vida vazia já é o próprio inferno na terra. É preciso ser inteligente na hora de ser submisso porque a Bíblia não é um amontoado de regras”.

Você precisa ler Eclesiastes. Porque “Eclesiastes continua pensando, mesmo depois de descobrir que pensar dói. Precisamos ouvir suas palavras, mas também precisamos imitar seu comportamento”. E, ao contrário do que se anuncia aos quatro ventos, Deus não é um estraga-prazeres. Para o autor de “O Livro mais Mal-humorado da Bíblia”, “O caminho cristão para a felicidade é aquele em que a palavra ‘prazer’ cabe na mesma frase que a palavra ‘Deus’”.

 Marcos Bontempo é diretor editorial da Editora Ultimato

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